O documentário 'Billie' é dirigido pelo britânico James Erskine e deve chegar ao Brasil em 2021. Marina Amaral se debruçou em mais de 100 fotos e vídeos que retratam a cantora norte-americana.
A vida em preto e branco do ícone do jazz Billie Holiday ganhou cor graças à artista mineira Marina Amaral. Ela foi a responsável pela paleta que “pintou” a intérprete norte-americana no documentário “Billie”, dirigido pelo britânico James Erskine.
O filme narra a trajetória da cantora, dona de uma voz peculiar e que se tornou uma das intérpretes mais importantes da história da música. De origem miserável, Billie teve uma vida marcada por sucessos e tragédias. Ela morreu aos 44 anos em decorrência de problemas com álcool e drogas.
“A minha maior surpresa foi conhecer a mulher por trás da artista. Ela teve uma vida extremamente conturbada, triste, difícil. Mergulhei de cabeça nesse processo de pesquisa para entender por completo quem ela era. Foi um pouco doloroso, até. Mas acho que o filme consegue retratar isso de uma maneira muito sensível”, disse Marina.
Por cerca de um ano, a mineira se debruçou em mais de 100 fotos e vídeos que retratam Billie. O arranjo lilás do cabelo, o vestido verde-esmeralda, o batom vermelho são alguns dos elementos que nos aproximam da diva.
“O processo foi muito baseado em interpretação artística, uma vez que não existia nenhum tipo de referência que eu pudesse usar naquelas imagens específicas. Uma coisa que eu sabia era que existiam algumas críticas sobre representações dela no teatro, por exemplo, quando foi interpretada por artistas que não eram negras. Captar e reproduzir quem ela de fato era foi um dos pontos mais importantes para todos nós, desde o início”, contou a artista.
Espectro do autismo
Marina foi convidada para participar do projeto no final de 2018, em Londres. Naquele ano, seu trabalho começava a ganhar o mundo. Ela já tinha “dado cor” a quase 500 fotos, entre elas as do Dia D (em que tropas aliadas desembarcaram na Normandia durante a 2ª Guerra Mundial), do czar Nicolau II e da rainha Elizabeth II, e se preparava para lançar o livro “The Colour of Time”, ao lado do historiador britânico Dan Jones.
A precisão e foco que imprime ao seu trabalho de colorização acabaram por revelar não só o talento da mineira. Aos 25 anos, Marina descobriu que estava no espectro do autismo.
“Descobrir o autismo deu sentido a toda a minha vida. Compreendi tantas coisas sobre mim, minha personalidade, minha maneira de ver o mundo, de interpretar as pessoas, que antes não faziam o menor sentido. Não posso dizer que tem sido fácil, mas também não tem sido extremamente difícil. É uma oportunidade de me redescobrir, perdoar, conhecer melhor”, contou.
Com seu trabalho, Marina foi capaz de multiplicar os tons dos registros que, antes, eram coloridos apenas pela voz de Billie Holliday . O documentário “Billie” ainda não tem data de estreia no Brasil, mas a previsão é que chegue aos cinemas no início do ano que vem.
Créditos: Matéria original publicada 08/11/2020 - 08:00, Por Thais Pimentel, G1 Minas — Belo Horizonte em https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/11/08/artista-mineira-da-cor-a-documentario-sobre-a-diva-do-jazz-billie-holliday.ghtml
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