top of page

A paixão de Sarah Vaughan pelo Brasil

Atualizado: 23 de dez. de 2020

Norte-americana de nascimento, mas brasileira de coração, a jazzista Sarah Vaughan deu voz à três álbuns produzidos por ela especialmente com os ritmos do Brasil, ao lado de Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinícius Moraes, Marcos Valle e muitos outros nomes


Foto: William P. Gottlieb

Sarah Lois Vaughan nasceu num gueto negro de Newark, Nova Jersey, a 27 de março de 1924. Aos sete anos, começou a tocar piano e aos 15, já fazia improvisações no velho órgão do Templo Batista Mount Zion, de cujo coro era a voz mais densa e afinada. Menina ainda, costumava fugir de casa para ouvir as orquestras que eventualmente passavam pela cidade: Duke Ellington, Fletcher Henderson, Count Basie, Earl Hines.


A cantora trouxe para o jazz uma combinação de atrativos característicos e sem precedentes: um timbre e um vibrato ricos, muito bem controlados; um ouvido excepcional para a estrutura harmônica das canções, o que lhe permite mudar ou modular a melodia como um instrumentista faz com seu instrumento; uma ingenuidade modesta, às vezes sutil, alternada com um senso de grande sofisticação.


Dona de uma técnica vocal extremamente sofisticada, Sarah Vaughan seria a responsável por transportar para o canto as inovações técnicas desenvolvidas pelos músicos do bebop em seus instrumentos. Deste modo, se tornaria a voz favorita de músicos como Dizzy Gillespie e a mais representativa vocalista de jazz da década de 1940.



Sarah e o Brasil


Com certeza, Sarah Vaughan foi a cantora norte-americana mais apaixonada por música brasileira. Seu interesse não se resumia a Jobim e Bossa. Sarah foi mais fundo ao gravar repertório menos internacional. A artista tinha Esse especial fascínio pela música brasileira, a levou a gravar três discos inteiramente dedicados aos nossos ritmos.


Em O Som Brasileiro de Sarah Vaughan (1978) a cantora selecionou um repertório elegante e bem variado. Com a produção de Aloysio de Oliveira e Durval Ferreira, o álbum traz versões em inglês para Travessia, do então jovem Milton Nascimento, que aqui ganhou o título de Bridges, Das Rosas (Roses and Roses) de Dorival Caymmi, Se Todos Fossem Iguais a Você (Someone To Light Up My Life) de Tom e Vinícius e Preciso Aprender a Ser Só (If You Went Way) dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle.


Milton Nascimento, Sarah Vaughan, uma das divas do jazz, e João Bosco, em pleno 1978. Sarah Vaughan estava no Brasil nessa época para gravar o seu "Som Brasileiro" que tinha "Travessia" e "Courage" | Foto: Coleção Hermínio Bello de Carvalho - Acervo MIS.



Dividiram ainda o estúdio de gravação com Sarah, os músicos: Tom Jobim, Helio Delmiro, Dorival Caymmi, Milton Nascimento, Wilson das Neves, Danilo Caymmi e Paulo Jobim. Ela conseguiu extrair de cada um, através do seu canto, o que havia de mais requintado em seus instrumentos. O resultado foi um disco harmonioso, bem produzido, altamente elaborado e que conseguiu, mesmo em inglês, mostrar a sutileza das letras e melodias dos seus compositores. Um álbum clássico e atemporal que merece espaço nos nossos HD’s. Afinal, não é todo dia que podemos escutar um grupo tão afinado como este!


No ano seguinte voltou ao Brasil para gravar seu segundo disco, Exclusivamente Brasil (1980), para a Philips, com participação especial do violão de Hélio Delmiro. O terceiro, Brazilian Romance, foi lançado em 25 de outubro de 1990. Além disso, fez apresentações no Brasil dias 11 e 12 de agosto de 1989, no Hotel Intercontinental, no Rio de Janeiro.



Bônus: o dueto clássico de Sarah e Simonal




3.924 visualizações1 comentário
bottom of page